27.11.05

como matar um tira-olhos

A história de como uma criança de cinco anos matou um tira-olhos com um disparo certeiro de uma fisga. Livrando assim os seus amigos do terror espalhado pela temível criatura alada junto ao charco.
Estava belo dia de primavera, e os putos do bairro saíram de suas casas para mais uma jornada de tiranias e desventuras. Com o seu estilo naturalmente irreverente, calça de ganga gastas no joelho, t-shirt suja e os braços esfolados nos cotovelos das quedas dos outros dias e arranhados por alguma silva mais impiedosa. No bolso de trás a fisga, esse objecto de culto, cuidadosamente esculpida num pau de moita que apresentava uma forma em y o mais simétrica possível, com duas tiras de câmara de ar atadas com um fio de cobre nas pontas do pau, e na outra extremidade a um pedaço de couro, preferencialmente cortado de uma bota velha.
Esse objecto que os tornava mais poderosos, semelhantes a um qualquer super herói dos desenhos animados.
E nesse dia resolveram fazer uma viagem de exploração, como se o que fosse desconhecido para eles fosse também para o resto do mundo. Eis que quando iam a passar junto a um charco ladeado de canas e juncos de súbito surge voando essa terrível criatura, de nome tira-olhos. Que só o nome causava um medo arrepiante. O seu aspecto esverdeado e as seus quatro membros alados espetados num corpo em forma de agulha, com um olhos grandes que não transpareciam qualquer sentimento salientes da pequena cabeça. A sua visão logo vez estremecer todos, com o medo de que tal ser se pudesse precipitar num ápice sobre os seus olhos e arrancá-los fazendo assim jus ao seu macabro nome.

E foi então que o mais novo do grupo, de forma heróica sacou da fisga que trazia no bolso de trás com os elásticos cuidadosamente enrolados. Ouviu-se um assobio da pedra que tinha apanhado do chão passar junto à orelha e sair disparada numa trajectória certeira no encalço da criatura. E a partir daí não houve mais sinal dela.

Na sua alma uma fina satisfação de quem salvou os olhos aos seus amigos, a maioria mais velhos. E exclamou orgulhosamente: “Eu matei o tira-olhos”.

22.11.05

para quem não

conseguio ver o videoclip dos radiohead


Carrega aqui pá!

Dass


Há dias que só apetece sair por aí fora a partir tudo e injuriar toda a gente.
Dizer mal deste país desta sociedade, e de qualquer coisa que esteja viva.
Numa só frase querer dizer mais palavrões do que palavras, sentir uma raiva que te deixa a retina enevoada e os movimentos descontrolados.
E pensar que não há uma coisa que bata certo na vida.
E olhar para trás e pensar o que poderia ter sido, para o presente e ver o que não é, o para o futuro o improvável.E espumar da boca com todas as injustiças.
E sentir um peso do caraças que te puxa para baixo e não te deixa sair do lodo.
RAIOS PARTAM.
ps: Não imaginam o esforço de escrever este post sem perder a compostura e usar essas palavras vulgares.
ps:ps: fodasse não consegui
ps:ps:ps: car. fod. esta m. toda mais a p. que p., vida do ca., gente do ca. país de co. e br.. sociedade da pi. só me.. Se fo. todos. e vão pó ca.
ps:ps:ps:ps: UF

20.11.05

Melrito


-Que melrito lindo tens aí, posso tocar-lhe?
-Nem penses, este é um melrito selvagem, não se deixa apanhar por qualquer um, e se tentares bruscamente pode enjeitar.

chovendo


Eis que após uma seca prolongada caiem umas grossas chuvadas, que molham as tolas dos que andam à chuva.

17.11.05

Vida de pau


Brevemente!

Histórias de uma vida de pau.

8.11.05

running dog


Na minha infância tinha um cão, que apesar de passar a vida preso por uma coleira e acorrentado, tinha acessos de felicidade repentina que duravam cerca de um minuto.
E então desatava a correr desalmadamente com os olhos esbugalhados de alegria, até que a corrente que lhe tolhia os movimentos mais ousados se esticava, e coleira que lhe abraçava o pescoço lhe causava uma asfixia repentina e inebriante. E então voltava para trás, correndo para o lado oposto, e repetia este vai e vem de alegria explosiva até se cansar. E no fim voltava a ser o mesmo cão cativo mas que por momentos sentiu a liberdade.

Pendurado

Há alturas em que ficar pendurado é a melhor opção.

7.11.05

Apanha a azeitona


Está aí a época da apanha da azeitona. E eu como bom agricultor já apanhei a minha parte, toda á mão, ou seja, "a arrepinhar". Esqueçam lá a vara, isso de bater nas oliveiras já não faz sentido.
Agora é só esperar pelo azeite.

4.11.05

Vicente seu Judas

Vicente traidor. Fugistes sem olhar para trás, sem um adeus sem nada.
A gaiola continua aberta à espera de ti.

3.11.05

A fuga do vicente


Procura-se.
Corvídeo negro, com sete anos de idade.
Desapareceu quinta-feira dia 3, de sua gaiola quando se preparava para almoçar.
Vestia na altura o seu habitual fato negro antracite, é uma ave de altura média, olhos castanhos e penas lustrosas. Foi visto logo de seguida a conviver com outras aves selvagens.
Sofre de diabetes e necessita de ração dos pintos diariamente. Suspeita-se que possa ter gripe das aves, talvez a causa do seu desaparecimento.
Se souber do seu paradeiro ou alguma informação que possa conduzir à sua localização por favor contactar com 914264507 ou para a polícia judiciária.