26.12.05

23.12.05

16.12.05

A metamorfose

"Uma manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregor Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco insecto".
É deste modo que Kafka introduz a história de Gregor, um caixeiro-viajante "obrigado" a deixar de ter vida própria para suportar financeiramente todas as despesas de casa.
Numa manhã, ao acordar para o trabalho, Gregor vê que se transformou num insecto horrível com um "dorso duro e inúmeras patas". A príncipio, as suas preocupações passam por pensamentos práticos relacionados com a sua metamorfose.
Depois, as preocupações passam para um estado mais psicológico e até mesmo sentimental. Gregor sente-se magoado pela repulsa dos pais perante a sua metamorfose. Apenas a irmã se digna a levar-lhe a alimentação, mas mesmo assim a repulsa e o medo também se começam a manifestar.
A metamorfose de Gregor vai além da modificação física. É sobretudo uma alteração de comportamentos, atitudes, sentimentos e opiniões.
Gregor passa a analisar as coisas que o rodeiam com muito mais atenção. Outra metamorfose ocorre no seio familiar: o pai volta a trabalhar, a irmã também arranja um emprego e passam a alugar quartos na própria casa onde habitam. As atitudes dos pais perante o filho retratam ao leitor a ideia que este era apenas o "sustento" da casa.
A metamorfose de Kafka não conta apenas a história de um homem que se transformou num insecto. É sobretudo uma história de alerta à sociedade e aos comportamentos humanos.
Nesta história, Kafka presenteia-nos com a sua escrita sui generis, retratando o desespero do homem perante o absurdo do mundo.
A versão revisitada da metamorfose é a história de um afável cão que vivia acorrentado a uma casota de cimento e acorda transformado num galaróz, e assiste impávido a sua sina.

5.12.05

Ganda mula



Ganda mula, viva a mula, a mula é fixe.

27.11.05

como matar um tira-olhos

A história de como uma criança de cinco anos matou um tira-olhos com um disparo certeiro de uma fisga. Livrando assim os seus amigos do terror espalhado pela temível criatura alada junto ao charco.
Estava belo dia de primavera, e os putos do bairro saíram de suas casas para mais uma jornada de tiranias e desventuras. Com o seu estilo naturalmente irreverente, calça de ganga gastas no joelho, t-shirt suja e os braços esfolados nos cotovelos das quedas dos outros dias e arranhados por alguma silva mais impiedosa. No bolso de trás a fisga, esse objecto de culto, cuidadosamente esculpida num pau de moita que apresentava uma forma em y o mais simétrica possível, com duas tiras de câmara de ar atadas com um fio de cobre nas pontas do pau, e na outra extremidade a um pedaço de couro, preferencialmente cortado de uma bota velha.
Esse objecto que os tornava mais poderosos, semelhantes a um qualquer super herói dos desenhos animados.
E nesse dia resolveram fazer uma viagem de exploração, como se o que fosse desconhecido para eles fosse também para o resto do mundo. Eis que quando iam a passar junto a um charco ladeado de canas e juncos de súbito surge voando essa terrível criatura, de nome tira-olhos. Que só o nome causava um medo arrepiante. O seu aspecto esverdeado e as seus quatro membros alados espetados num corpo em forma de agulha, com um olhos grandes que não transpareciam qualquer sentimento salientes da pequena cabeça. A sua visão logo vez estremecer todos, com o medo de que tal ser se pudesse precipitar num ápice sobre os seus olhos e arrancá-los fazendo assim jus ao seu macabro nome.

E foi então que o mais novo do grupo, de forma heróica sacou da fisga que trazia no bolso de trás com os elásticos cuidadosamente enrolados. Ouviu-se um assobio da pedra que tinha apanhado do chão passar junto à orelha e sair disparada numa trajectória certeira no encalço da criatura. E a partir daí não houve mais sinal dela.

Na sua alma uma fina satisfação de quem salvou os olhos aos seus amigos, a maioria mais velhos. E exclamou orgulhosamente: “Eu matei o tira-olhos”.

22.11.05

para quem não

conseguio ver o videoclip dos radiohead


Carrega aqui pá!

Dass


Há dias que só apetece sair por aí fora a partir tudo e injuriar toda a gente.
Dizer mal deste país desta sociedade, e de qualquer coisa que esteja viva.
Numa só frase querer dizer mais palavrões do que palavras, sentir uma raiva que te deixa a retina enevoada e os movimentos descontrolados.
E pensar que não há uma coisa que bata certo na vida.
E olhar para trás e pensar o que poderia ter sido, para o presente e ver o que não é, o para o futuro o improvável.E espumar da boca com todas as injustiças.
E sentir um peso do caraças que te puxa para baixo e não te deixa sair do lodo.
RAIOS PARTAM.
ps: Não imaginam o esforço de escrever este post sem perder a compostura e usar essas palavras vulgares.
ps:ps: fodasse não consegui
ps:ps:ps: car. fod. esta m. toda mais a p. que p., vida do ca., gente do ca. país de co. e br.. sociedade da pi. só me.. Se fo. todos. e vão pó ca.
ps:ps:ps:ps: UF

20.11.05

Melrito


-Que melrito lindo tens aí, posso tocar-lhe?
-Nem penses, este é um melrito selvagem, não se deixa apanhar por qualquer um, e se tentares bruscamente pode enjeitar.

chovendo


Eis que após uma seca prolongada caiem umas grossas chuvadas, que molham as tolas dos que andam à chuva.

17.11.05

Vida de pau


Brevemente!

Histórias de uma vida de pau.

8.11.05

running dog


Na minha infância tinha um cão, que apesar de passar a vida preso por uma coleira e acorrentado, tinha acessos de felicidade repentina que duravam cerca de um minuto.
E então desatava a correr desalmadamente com os olhos esbugalhados de alegria, até que a corrente que lhe tolhia os movimentos mais ousados se esticava, e coleira que lhe abraçava o pescoço lhe causava uma asfixia repentina e inebriante. E então voltava para trás, correndo para o lado oposto, e repetia este vai e vem de alegria explosiva até se cansar. E no fim voltava a ser o mesmo cão cativo mas que por momentos sentiu a liberdade.

Pendurado

Há alturas em que ficar pendurado é a melhor opção.

7.11.05

Apanha a azeitona


Está aí a época da apanha da azeitona. E eu como bom agricultor já apanhei a minha parte, toda á mão, ou seja, "a arrepinhar". Esqueçam lá a vara, isso de bater nas oliveiras já não faz sentido.
Agora é só esperar pelo azeite.

4.11.05

Vicente seu Judas

Vicente traidor. Fugistes sem olhar para trás, sem um adeus sem nada.
A gaiola continua aberta à espera de ti.

3.11.05

A fuga do vicente


Procura-se.
Corvídeo negro, com sete anos de idade.
Desapareceu quinta-feira dia 3, de sua gaiola quando se preparava para almoçar.
Vestia na altura o seu habitual fato negro antracite, é uma ave de altura média, olhos castanhos e penas lustrosas. Foi visto logo de seguida a conviver com outras aves selvagens.
Sofre de diabetes e necessita de ração dos pintos diariamente. Suspeita-se que possa ter gripe das aves, talvez a causa do seu desaparecimento.
Se souber do seu paradeiro ou alguma informação que possa conduzir à sua localização por favor contactar com 914264507 ou para a polícia judiciária.

23.10.05

Banhos de lama



Banhos de lama fresca fazem bem à pele e a sua ingestão também.

9.10.05

Treinar faz doer


Abres a boca como se quisesses engolir a atmosfera de uma só vez, esqueces as dores pelo corpo todo, ignoras a parte do cérbro que te manda insistentemente parar.
Não, não é desta que vais ter um colapso cardiaco, é apenas mais um treino.

8.10.05

Casamentos e casórios

Hoje estou de casamento. Mais um! Espero que essa coisa do casamento não seja contagiosa. É que ainda me falta arranjar uma vida estável e uma noiva, e com a crise que anda para aí nem uma coisa nem outra me parece fácil. Se alguém tiver propostas...

Nokia


Finalmente decidi mandar arranjar o meu telemóvel. Aquele que me arrependi de comprar apenas umas horas depois. E emprestaram-me um nokia 3200 de substituição, que saudades tinha eu de um nokia. A nokia é sem dúvida a melhor marca de telemóveis. Acho que vou ficar com ele e esquecer o outro.

1.10.05

Vindimas e vindimas


Amanhã vou para a vindima. Cortar cachos e não uvas porque as uvas não se cortam.
Uma festa ancestral que remonta a umas centenas de anos atrás, julgo que introduzida pelos romanos.
Imagino a frustração dos primeiros agricultores que depois de espremer o néctar docíssimo o viram transformado em vinho pouco tempo depois. Não me acredito que gostassem do que provaram, não se gosta de vinho á primeira, é preciso aprender a gostar. Portanto acho que foi um acto falhado durante muito tempo, queriam sumo e obtinham essa coisa ruim.
Certo dia havia uma grande seca, e como não tinham mais nada para beber beberam a coisa ruim. E então veio a bebedeira, eles acharam piada ao que viam e sentiam, e fizeram mais, e beberam, mais e mais…
E então começou o alcoolismo, a violência doméstica, as doenças mentais e do fígado, a degradação da sociedade.
E a coisa ruim deixou de ser a coisa ruim e passou a chamar-se vinho. E passou a ser bom, e tornou-se das principais mercadorias comercializadas. E havia pessoas que sabiam de facto apreciar vinho, e outros que só sabiam apreciar a garrafa vazia com os olhos esbugalhados.
E o vinho chegou aos nossos dias.
E eu também gosto de vinho. Quando degusto um bom prato de carne, se penso num bom vinho tinto, cresce-me logo água na boca e então para não estar só a água tenho mesmo de beber vinho.

27.9.05

olheiras!


É o que dá dormir três horas, acordar cheio de sede e ir pedalar.

25.9.05

Hoje faço anos


Hoje vigésimo quinto dia do nono mês do seco ano de dois mil e cinco faço exactamente vinte e cinco Primaveras. E isto de fazer vinte e cinco anos não é fácil. Não é fácil porque sobreviver neste mundo durante tanto tempo têm que se lhe diga.
Acho que devia festejar, mas não conheço nem ouvi falar de quem festeje um acidente. Também não conheço ninguém que depois dos púbicos dezoito anos tenha gosto em envelhecer. Por isso acho que fazer anos não é fixe nem nunca o foi. E isso de comemorar não passa de uma sátira à triste condição do ser humano de envelhecer.
Envelhecer é definhar, é caminhar para a podridão, é perder capacidades é…
Mas também acho que estou a ficar maduro, e como toda a fruta, na altura ideal para ser comido. Um bom vinho é um vinho maduro.
Bom lá tenho eu de comemorar, parece que casei os anos, vinte e cinco no dia vinte e cinco no ano dois mil e cinco, que deixando cair os dois zeros fica vinte e cinco. Mas para fazer sentido devia fazer exactamente vinte e cinco coisas. Talvez…
Não, acho que não era capaz!
Vou pensar nisso…

23.9.05

conceitos


O medo é um corredor escuro






A tristeza é um cão atropelado

22.9.05



Por vezes fico sem saber o que dizer. Acho que acabou de me acontecer issso!

20.9.05

tá ai o Outono

Tá aí o fim do Verão. Não gosto muito do do Outono e do Inverno, acho que devia hibernar, mas como não consegui engordar o suficiente vou ficar cá por fora. Se tivesse asas até que migrava.
E já agora fiquem a saber que o dia em que se dá a mudança do verão para o outono, é chamado o equinócio de outono, em que o dia tem a exacta duração da noite, ou seja 12 horas. E este ano é dia 22/Set às 22h23min (se não me enganei nos calculos).

17.9.05

Creep

Não sei propriamente porquê mas sempre gostei desta música dos Radiohead. Ora aqui fica a música com videoclip em flash.
creep

16.9.05

Vou à gruta, vou à gruta, amanhã vou à gruta.
Levo material necessário, porque é facil ir à gruta mas não é fácil sair da gruta.
A gruta é funda, falam em 60 metros. Mas eu não tenho medo! Vou à gruta.

15.9.05

A besta

Maldito sejas tu seu animal, sua besta altruísta.
Venha um raio dos céus que te penetre nas ventas e te dilacere em dois.
Besta és e besta serás, besta incrivelmente bestial. Besta porca e malcheirosa que vivestes como parasita pegada a mim. Sugando-me o sangue e tudo o mais que te pudesse fazer crescer e inchar. Uma fome insaciável de viveres grudada a mim e de me levares todas as energias, todas as pontadas de vidas que esporadicamente pareciam querer brotar de mim.
Foste a besta mais desprezível à face da Terra, a besta maior jamais vista.
Teu rosto era das piores visões que um ser pode algum dia experimentar, o teu aspecto asqueroso e o teu cheiro nauseante, e horríveis os grunhos vindos da podridão das tuas podres entranhas.
Por isso e pelo bem de toda a humanidade reclamo em bom tom, e peço a complacência de todos para a morte da bestíssima besta.

“Morre besta, morre!”

12.9.05

Raios

Ainda não foi desta.
Queria acabar o curso desta vez. É que já começo a ficar um bocadito farto disto.
Depois de tanto esforço e sacrifício fui recompensado com um reprovado.
Já agora queria agradecer à professora, porque lhe pedi encarecidamente para me fazer uma oral, e ela se limitou simplesmente a dar uma desculpa, sabendo que era a última cadeira. E por ter passado dois alunos em sete que fizeram exame. E por fazer um exame tão acessível a uma cadeira que vai deixar de existir e interessa a ninguém.
É caso para disser:
'Paciência, é a vidinha.'

10.9.05

Férias


Depois de tanto tempo sem fazer nada e de uns tempos a estudar finalmente tive direito a férias. Porque fazer nada não são férias.
Mas com a sorte que tenho choveu no primeiro e no último dos quatro dias. E lá ficou o bronze por acabar.
Sempre se nota menos o bronzeado à ciclista.
Paciência, para o ano há mais.

3.9.05

Depilei-me


Pois é! Pensam que só as mulheres pensam nisso. Que são só elas que sofrem os horrores da depilação.
Eu também passei isso, e depilei as pernas a cera.
Pois um bom ciclista não têm pelos nas pernas. E eu sou um bom ciclista.

A mine


Porque é que aparece sempre uma mine!
Isto parece aquela estória em que aparece um fantasma atrás das pessoas nas fotografias.
No meu caso é uma mine na mão.
Coisas do Além...

escalada




ora aí estou eu e grande plano a fazer escalada

19.8.05

Te quiero montar


Mira! Que bina tan gira.
Me gustava la montar. Persopuesto...

13.8.05

Que tal?

Ando a pensar fazer uma pagina pessoal no sapo. Comecei pelo logotipo.
Não está mau? Ein?

11.8.05

Suicide


informatic suicide

Ai que isto custa.


Há quem esteja convencido que pensar faz doer. Nunca foi grande defensor dessa teoria, acho mesmo que pensar em certas ocasiões é libertador e dá prazer.
Vou começar a estudar agora para a última cadeira do curso, ‘a derradeira’, a que precede o fim. E já sinto uma espécie de uma dor.
Um certo tipo de dor miúda, entorpecedora.
Ui! Se houvesse algum analgésico.
Parece que já consegui ler o nome da derradeira: Complementos de Análise Funcional Análise de Fourier e Espaços de Sovolev.
Só o nome parece uma facada.
Cá vou eu para o calvário…

3.8.05

Fénix


A ave mitológica que se volatizava em chamas, e tinha a extraordinária capacidade de renascer das cinzas.
Já à alguns meses que sonho com isto.

31.7.05

Corria mais um Verão de estio na longa planície dourada. Um verão como todos os Verões. Um Verão quente e seco, amarelado por um sol abrasador. As terras estavam secas, ferviam, absorviam o bafo quente, pareciam as escórias meias arrefecidas de um vulcão em erupção.
As árvores e todas as outras plantas gritavam um choro silencioso de secura, e faziam crer que iriam deflagrar numa rápida e intensa labareda espontânea, assim que o sol do meio-dia se empinasse. Poucas eram as plantas que ainda não haviam sucumbido a este martírio. O chão era amarelo de tons acastanhados por toda a parte. A pouca verdura existente tomava já um tom acastanhado, e restringia-se à copa das árvores mais resistentes e dos arbustos mais espinhosos.
A maioria das fontes secara, e aquelas que ainda tinham água expeliam um fio finíssimo, ou escorriam por líquenes já mais castanhos que verdes. Os charcos á muito que secaram e condenaram os seus aquáticos inquilinos, a uma morte terrível por sufoco e desidratação.
Tudo era seco e duro, e depois de arado se tornava numa imensa poeirada. Poeira que se entranhava na roupa e nos cabelos, e subia pelas vias respiratórias num mais leve inspirar. Tornando a garganta ainda mais seca e o bafo quente ainda mais insuportável.
Os animais viviam mais uma exigente provação, bem pior que a do Inverno gelado e despido. Passeavam cambaleantes as ossadas envoltas num manto de pelo mal cuidado e enxovalhado. As aves limitavam-se ao abrigo nas horas de maior calor, e a procurar alimento nas sementes e frutos quase secos, sendo a sua maior preocupação encontrar água.
Nenhum animal escapava a tamanha secura, fosse qual fosse a seu estatuto na cadeia alimentar. Até já os predadores arreganhavam as peles e dentes com fome e com sede.
E dava uma outra profundidade á frase:”tempo de vacas magras” transformada em:” tempo de lobos magros”.
Pedro na sua moça idade nunca tinha visto um Verão tal hostil como este. Dos dez verões que vivera nenhum se assemelhava a este.
Havia além de um clima seco um clima de mudança vindo não sabia de onde nem movido por quê.

22.7.05

A festa dos incêndios

Está aí o estio, estio infernal e sufocante, estio impiedoso, e com ele vem o mesmo cenário, o pandemónio dos incêndios. Pandemónio ou festa como lhe queiram chamar. Digo festa porque tem todos os elementos para que seja assim chamado este fenómeno tão típico de um país em chamas.

É festa porque é uma quebra com a monotonia do dia-a-dia.

É uma festa porque reúne pessoas diferentes em volta de um mesmo objectivo, o de apagar as chamas e de salvaguarda de bens e vidas.

É uma festa porque desperta nas pessoas sentimentos primários de deslumbramento e temor. Pois que o fogo sempre esteve presente nos rituais do ser humano, e é para ele um elemento de grande importância. Um elemento com propriedades hipnóticas e de estimulação de prazer.

Cada um de nós sofre de uma doença piromaníaca, é qualquer coisa de primitivo, entranhada nas mais recônditas instâncias do nosso subconsciente. Qualquer coisa inerente à psique humana e indissociável.

É o fogo que nos maravilha num espectáculo de pirotecnia, que nos hipnotiza.

O fogo enche os noticiários e as pessoas vêem com pasmaceira trágica.

O fogo vale dinheiro, muito dinheiro, para os madeireiros, para os que vendem materiais de combate ao fogo, para as empresas de aviação ligeira de combate ao fogo, para os especuladores imobiliários, televisões blá blá...

O fogo é inevitável num país em que não existe floresta mas plantações mono culturais e minifundiárias de pinheiro e eucaliptos, que apenas interessam aos proprietários e as empresas madeireiras. Plantações completamente desregradas e sem qualquer respeito pelos ecossistemas, ordenamento e paisagem. O único objectivo é o lucro fácil, quanto mais melhor, como não interessa. Que o digam as empresas de celulose.

Só existe duas alturas e que os proprietários dessas plantações se preocupam com a sua cultura, no momento de plantar e de colher.

Ninguém alguma vez ouviu falar de regras no ordenamento florestal. Plantar ou não plantar, o quê, como, e onde.

A paisagem portuguesa sofreu uma enorme transformação neste último século, com a destruição da cobertura vegetal nativa e substituição por pinheiros e eucaliptos. O pinheiro primeiro e o eucalipto depois.

Eucalipto vindo da Austrália que apesar de se adaptar bem ao nosso clima revelou ser destruidor para os solos, para os lençóis freáticos e para as outras espécies.

O pinheiro é bom, mas tanto também não, o pinheiro não resiste ao fogo ao contrário de outras espécies bem mais valiosas como o sobreiro. Julgo que nunca se ouviu falar de um incêndio num choupal, simplesmente porque são espécies que não ardem. Um ecossistema baseado numa plantação de pinheiros é pouco rico. Poucas aves nidificam num pinheiro, poucos animais têm alimento e abrigo neste ecossistema, poucas plantas crescem ao lado de pinheiros. Já não vou falar de eucaliptos.

A Natureza com as suas forças tende sempre para um equilíbrio, se alguma coisa perturba esse equilíbrio todo o meio está em perigo.

O paisagem portuguesa à muito que está em desequilíbrio, ainda mais com o abandono da agricultura.

Só arde o que é propício a arder. Toda a conversa de meios de combate aos incêndios, de prevenção, de captura dos incendiários é quase conversa da treta. Quase!

É preciso fazer alguma coisa, melhor, era preciso fazer muita coisa.

Era preciso mudar mentalidades, acabar com interesses, e ter um pouco de bom senso e respeito pelo que é de todos, pelo património natural.

Porque têm de ser os contribuintes a pagar a factura do combate aos incêndios se o que eles protegem é a propriedade e lucro de alguns.

Gastam-se milhões em combate aos incêndios, e em ajuda ás malogradas vitimas.

E a culpa é claro está do incendiário com problemas mentais, ou que age de isqueiro na mão como vingança passional ou qualquer outro móbil ainda mais fútil que o anterior. Ou dos estóicos bombeiros que se precipitam para cima de chamas com metros de altura, arriscando a vida a troco de nada ou quase nada, que não fizeram um bom trabalho.

A culpa não será de quem legisla, de quem não criou leis e regras e as fez executar, de quem aproveitando-se disso plantou e explorou, e pensou apenas no lucro. De quem pensou apenas em apagar incêndios e não em evitá-los.

Não, nunca!

Por isso digo que arda o que tem de arder, viva o fogo, o fogo é uma festa

14.7.05

Fazer nada cansa

Estou em condições de dizer que isto de não fazer nada tambem cansa.
Acordar sem nada para fazer é um bocado mau, ou mesmo muito mau. Qualquer animal precisa de estímulos para manter a sanidade mental. A sanidade mental já não a tenho, mas até que gostava de uns estímulositos.
Quero estímulos, quero estímulos, quero estímulos, quero estímulos...
De qualquer tipo...

29.6.05

allô

.

Só para dizer que estou de volta.
Ressuscitei.

7.4.05

Sorte Nula

Mais uma vez estou no desemprego. Legalmente nem isso, porque não estou sequer incrito no centro de emprego, nem me parece ter direito ao subsídio de desemprego.
Correcção: oficialmente só estou desempregado dia 24, entretanto estou a gozar férias.
Apesar de emprego não ser propriamente o emprego de sonhos, é lixado chegar ao fim do dia e dizerem-te que não precisas de vir teabalhar mais, assim, sem aviso prévio.
Fm de contrato, é esta a nova realidade, não somos mais do que um simples contrato, um contrato de validade limitada, de preferência não mais que seis messes.
Depois de tanto esforço a tentar passar a maior quantidade de artigos por minuto, num leitor de infravermelhos, e de conseguir chegar a um recorde de 34.5. De manter sempre baixa a diferença de caixa ao final do dia. De fazer todos o procedimentos que o contrato ( de seis messes ) exigia. De trabalhar por vezes literalmente a correr( ou quase sempre ). De ter de ouvir as palavras sempre exigentes dos chefes e nunca motivadoras.
Aí está a compensação. Desemprego. Acabou-se a minha promissora carreira como vendedor.
Bem vindo à realidade da sociedade actual.

5.4.05

Prefácio

Mauzão, mauzão ninguém te põe a mão.
Aí está o ponto de partida para o novo blog.